Na era das startups, a colaboração é frequentemente exaltada como a chave para a inovação e o sucesso. No entanto, o que muitos não percebem é que a maioria das empresas opera com um modelo de “colaboração” que mais gera frustração e sobrecarga do que resultados reais. Essa confusão não é por acaso; aprendemos práticas erradas sobre o que realmente significa trabalhar em conjunto.
A primeira grande ilusão é acreditar que “conversar sobre” é sinônimo de colaborar. Conversa não é colaboração. Discutir tarefas, estratégias e possibilidades é importante, mas isso não se traduz em produção ou entrega. Colaboração genuína acontece quando o trabalho é efetivamente realizado — seja em um documento, um protótipo ou na resolução de um problema, e não apenas em conversas sobre eles.
A cultura de “todas as vozes na call” parece democrática, mas, na prática, gera ruído, lentidão e desgaste. Inclusão verdadeira não é simplesmente reunir todos em um mesmo espaço, mas garantir que as vozes certas — diversas, contextuais e relevantes — estejam presentes no momento certo. É preciso refletir: quem realmente precisa estar na conversa?
Estar presente em uma reunião, seja virtual ou física, não significa que você está colaborando. Muitas vezes, confundimos presença com participação, mas são conceitos bem distintos. A colaboração exige intenção, clareza e uma estrutura que favoreça a contribuição efetiva.
Reuniões onde cada um apenas atualiza seu status não são sinônimo de colaboração ou alinhamento. Para que haja verdadeira colaboração, as pessoas precisam se sentir seguras para expressar quando algo não está funcionando, apontar erros e fazer perguntas difíceis. É preciso criar um ambiente onde a transparência é valorizada e onde todos se sintam à vontade para contribuir.
Colaboração não é sobre parecer ocupado. É sobre trabalhar com transparência, resolver problemas reais em tempo real, prototipar, testar, decidir e ajustar coletivamente. Para isso, podemos implementar algumas práticas efetivas:
- Defina papéis claros- Cada membro da equipe deve saber qual é sua contribuição e como ela se integra ao todo.
- Use ferramentas colaborativas- Plataformas como Miro, Trello e Asana podem facilitar a comunicação e a visualização do progresso.
- Estabeleça check-ins regulares – Em vez de reuniões tradicionais, considere encontros curtos e focados, onde o objetivo é resolver problemas específicos e não apenas relatar status.
- Promova a psicologia da segurança – Crie um ambiente onde os membros se sintam confortáveis para compartilhar ideias e feedbacks sem medo de represálias.
- Fomente a diversidade de vozes – Busque incluir diferentes perspectivas em projetos para enriquecer as soluções e aumentar a inovação.
Autoras como Amy Edmondson, em seu livro “The Fearless Organization”, e Patrick Lencioni, em “The Five Dysfunctions of a Team”, exploram a importância da segurança psicológica e da clareza nas funções para melhorar a colaboração. É fundamental que nos inspiremos em ensinamentos para transformar a maneira como colaboramos.
Vamos repensar a maneira como colaborar. O futuro depende de nossa capacidade de não apenas conversar sobre colaboração, mas de praticá-la de verdade. Juntos, podemos criar um ambiente onde a colaboração é sinônimo de ação e resultados.