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Outro dia me peguei pensando em como era a nossa vida antes desse mundo hiperconectado. Antes de você, sim, você mesma, tecnologia. Antes do celular no bolso, antes do WhatsApp apitando sem parar, antes do Uber chegar em três minutos, antes dos assistentes virtuais que respondem mais rápido que a gente pensa. E confesso, bateu uma saudade que não sei explicar direito.

Porque, querendo ou não, nós já fomos protagonistas de um tempo em que tudo parecia funcionar com menos recursos e mais humanidade. A comunicação fluía de um jeito curioso, lenta o suficiente para criar expectativa, rápida o bastante para manter a vida em movimento. A gente ligava para alguém e, se a pessoa não atendia, estava tudo bem. Ninguém entrava em desespero. Existia uma coisa chamada “esperar”. E ela não doía.

Se combinávamos de nos encontrar, íamos. E se alguém atrasava, paciência, porque não tinha como rastrear ninguém. Era confiar ou confiar. As relações eram menos ansiosas porque não tínhamos a capacidade de monitoramento constante que carregamos hoje no bolso.

E isso sem falar da nossa mobilidade. Lembra como pegávamos táxi? Era no braço. Na chuva. Torcendo para o motorista não estar de mau humor. A vida toda era esse grande improviso, um samba bem ensaiado que dava certo mesmo sem aplicativos, GPS ou algoritmos.

No trabalho então… meu amigo…Se enviávamos uma carta para o cliente, esperávamos resposta. Se marcávamos uma reunião, ela realmente acontecia e presencial, porque não existia essa história de link errado, câmera travada ou “você está no mudo”. De alguma forma, o mundo analógico tinha falhas, sim, mas tinha também um ritmo mais humano, menos teatral, menos acelerado.

E aí vem a pergunta que não quer calar: essa nostalgia é realidade ou é só um truque da memória tentando nos convencer de que o passado era melhor?

A verdade, na minha opinião, está no meio-termo.

Não vivíamos um paraíso, longe disso. Mas vivíamos com menos distrações. O excesso de tecnologia hoje não é problema em si, o problema é que ela ocupou cada segundo das nossas vidas. O que antes era silêncio virou notificação. O que antes era pausa virou ansiedade. E o que antes era relacionamento virou KPI.

Mas, ao mesmo tempo, seria impossível negar o quanto evoluímos. Não existe mundo moderno sem essa camada digital que nos conduz, acelera e abre portas que jamais existiriam no analógico. A tecnologia não roubou a nossa essência… ela só nos exige mais consciência para não deixarmos que ela nos engula.

E é exatamente por isso que estou tão animado para a NRF 2026, essa edição especial que marca minha quinta participação. Porque se tem um lugar no planeta capaz de nos mostrar para onde estamos indo e, principalmente, como equilibrar esse futuro com humanidade, é lá.

Porque, no fim das contas, a tecnologia que realmente transforma é a que simplifica, não a que complica. É a que devolve ao ser humano o que ele perdeu pelo caminho. É a que nos lembra que viver não é uma corrida de notificações, mas um exercício constante de presença.

E talvez, só talvez, essa saudade do mundo analógico não seja um pedido para voltarmos no tempo, mas um alerta para seguirmos evoluindo sem perder a essência.

Se o passado nos ensinou a viver sem pressa…
O futuro pode nos ensinar a viver com propósito.

Os artigos publicados são de responsabilidade dos colunistas e não refletem, necessariamente, a opinião do Portal Total News

Foto de Dijan de Barros

Dijan de Barros

Empreendedor, especialista em gestão e marketing, apresentador, palestrante, TEDxOrganizer, fundador do Café com Negócios e Diretor da Totvs Oeste | @dijanbarros
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