O Dia do Cinema Brasileiro, celebrado nesta quinta-feira (19), marca o aniversário das primeiras imagens filmadas no país, em 1898, por Afonso Segreto, na Baía de Guanabara, no Rio de Janeiro. A data é uma oportunidade para valorizar a produção nacional e destacar sua contribuição para a cultura e identidade brasileiras. Entre os principais marcos do audiovisual brasileiro estão as adaptações de obras literárias para o cinema.
Clássicos da literatura nacional ganharam versões para as telas ao longo das décadas, criando novas possibilidades de acesso às histórias de autores como Graciliano Ramos, Clarice Lispector, Jorge Amado, Machado de Assis, entre outros. Essas produções costumam dialogar com diferentes gerações de espectadores e leitores, sendo utilizadas também em contextos educacionais.
“A adaptação cinematográfica de obras literárias é uma ponte poderosa entre o texto escrito e o imaginário dos estudantes”, diz Aline Souza, bibliotecária do Brazilian International School. Segundo ela, ao verem os personagens e enredos em cena, os alunos se conectam emocionalmente com as narrativas e se sentem mais motivados a conhecer os livros originais.
O coordenador pedagógico da Escola Bilíngue Aubrick, Paulo Rogério Rodrigues de Souza, ressalta que os filmes ajudam a contextualizar aspectos históricos e sociais das obras. “Eles ampliam as perspectivas sobre as narrativas, despertam a curiosidade e enriquecem a experiência literária por meio de recursos visuais e sonoros”, afirma.
Para a professora de cinema Letícia Cabral, do colégio Progresso Bilíngue de Indaiatuba, o uso do cinema em sala de aula também estimula o pensamento crítico. “Discutir linguagem, estética e as intenções do autor entre diferentes formatos valoriza o conteúdo literário com uma abordagem mais envolvente e atual”, diz.
A seguir, uma lista com 14 filmes brasileiros baseados em obras literárias:
- A Hora da Estrela (1985) – Direção de Suzana Amaral. Inspirado no romance de Clarice Lispector, acompanha Macabéa, nordestina solitária que vive em São Paulo;
- Ainda Estou Aqui (2024) – Direção de Walter Salles. Adaptação do livro de Marcelo Rubens Paiva sobre o desaparecimento de seu pai, Rubens Paiva, na ditadura militar;
- Capitães da Areia (2011) – Direção de Cecília Amado. Mostra o cotidiano de crianças abandonadas em Salvador, baseado na obra de Jorge Amado;
- Cidade de Deus (2002) – Direção de Fernando Meirelles. Adaptação do livro de Paulo Lins sobre o crescimento do crime organizado em uma favela do Rio;
- Dona Flor e Seus Dois Maridos (2017) – Direção de Pedro Vasconcelos. Remake baseado na obra de Jorge Amado;
- Inocência (1983) – Direção de Walter Lima Jr. Romance regionalista de Visconde de Taunay ambientado no Brasil imperial;
- Macunaíma (1969) – Direção de Joaquim Pedro de Andrade. Adaptação do clássico modernista de Mário de Andrade;
- Memórias do Cárcere (1984) – Direção de Nelson Pereira dos Santos. Baseado nas memórias de prisão do escritor Graciliano Ramos
- Memórias Póstumas de Brás Cubas (2001) – Direção de André Klotzel. Retrato ácido da elite brasileira, baseado em Machado de Assis;
- Meu Pé de Laranja Lima (2013) – Direção de Marcos Bernstein. Drama infantojuvenil baseado na obra de José Mauro de Vasconcelos;
- Morte e Vida Severina (1981) – Direção de Walter Avancini. Adaptação do poema de João Cabral de Melo Neto, com músicas de Chico Buarque;
- O Auto da Compadecida (2000) – Direção de Guel Arraes. Baseado na peça de Ariano Suassuna, mistura crítica social com humor popular;
- O Tempo e o Vento (2013) – Direção de Jayme Monjardim. Adaptação da saga histórica de Erico Verissimo sobre o sul do Brasil;
- Vidas Secas (1963) – Direção de Nelson Pereira dos Santos. Retrato da seca e da miséria no sertão nordestino, baseado na obra de Graciliano Ramos.
Além de representarem momentos importantes da cinematografia nacional, essas adaptações funcionam como porta de entrada para a literatura e ajudam a preservar o patrimônio cultural do país.
Foto: Maksuel Martins