Embora o fim de ano seja associado a celebrações e alegria, nem todos experimentam esses sentimentos durante as festas. O período conhecido pelas festividades pode desencadear tristeza, ansiedade e até crises depressivas, um fenômeno conhecido como “síndrome de fim de ano”.
“O final do ano é uma época que leva a diversas reflexões. Muitas pessoas fazem um balanço sobre o que passou, avaliam quais metas foram ou não alcançadas e se preparam para um novo ciclo”, explica a psicóloga Kétilly Gomes. Para algumas pessoas, essas reflexões podem trazer sentimentos de frustração e insatisfação, especialmente diante de metas não cumpridas.
Além disso, mudanças na rotina e a pressão para finalizar tarefas antes do ano acabar contribuem para o aumento do estresse. Segundo a psicóloga, fatores como o acúmulo de trabalho, a organização de férias e até questões financeiras e consumismo podem impactar no humor. “Essa correria toda pode ser um gatilho para sentimentos de ansiedade e tristeza. Por isso, é importante buscar o equilíbrio, mesmo com a rotina agitada”.
Um dos desafios mais comuns é lidar com a pressão social de “ser feliz” durante as festas. O mercado, as redes sociais e até mesmo o ambiente familiar reforçam a ideia de que todos devem estar celebrando. Kétilly explica como é possível filtrar o que se vê e evitar as comparações de acordo com a sua realidade.
“É importante saber que a felicidade de algumas pessoas pode ser uma fachada. Respeitar os próprios sentimentos é essencial, e, se necessário, buscar apoio pode fazer toda a diferença”, orienta.
Além disso, algumas famílias enfrentam a ausência de entes queridos durante o período de fim de ano. Durante as festas, o sentimento de ter perdido alguém durante o ano pode vir à tona e acabar se tornando um sentimento de tristeza e culpa por estar comemorando.
As redes sociais desempenham um papel significativo na amplificação das emoções nessa época. “Quando as pessoas veem postagens sobre festas perfeitas e famílias unidas, podem se sentir frustradas ou comparar suas vidas a essas imagens idealizadas, esquecendo que nem tudo reflete a realidade”. A sugestão é limitar o tempo de uso das redes sociais para evitar essas comparações e focar nas conexões com a própria realidade.
Entre as estratégias para enfrentar a melancolia de fim de ano, a psicóloga recomenda priorizar o autocuidado e buscar atividades que tragam prazer. “O final do ano pode ser um convite à autoaceitação. É essencial entender que cada trajetória tem seu tempo e desafios próprios”.
Para quem se sente solitário, ações como manter contato com pessoas queridas, mesmo que virtualmente, e buscar criar momentos de conforto em casa, podem ajudar. Em um momento que deveria ser de celebração, a psicóloga reforça a importância de respeitar os próprios limites.
“Neste período de celebração, é essencial lembrar que o mais importante é estar bem consigo mesmo. Que você encontre tempo para cuidar de sua saúde mental, para refletir sobre o que realmente importa e para se permitir ser quem você é sem pressões externas”, conclui.
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