Quando a Netflix confirmou a aquisição da Warner Bros. Discovery por mais de 80 bilhões de dólares, muita gente interpretou o fato como “a maior fusão do entretenimento”. Mas, para quem vive o mundo dos negócios, existe algo ainda mais importante ali: uma aula sobre modelos de negócios, tomada de decisão e estratégia de longo prazo. Empresas pequenas e médias podem, e devem, aprender com movimentos como esse, porque, no fim do dia, estratégia não escala apenas para cima, ela também escala para baixo. A pergunta é: o que essa fusão ensina para qualquer empresário que quer crescer em 2026?
A lógica é simples: quem controla o ativo e controla a entrega, vence o jogo. A Netflix já tinha uma plataforma poderosa, a Warner tinha um dos maiores catálogos do mundo. Quando uma empresa domina produto e plataforma, ela conquista algo raro no mercado: escalabilidade previsível. Para PMEs, isso significa não depender apenas de terceiros para entregar valor, fortalecer aquilo que só você tem, e criar seu próprio catálogo, seja em serviços, processos, branding ou atendimento. A combinação entre o que você oferece e como você entrega é o que cria vantagem competitiva real.
Crescimento exige verticalização, e PMEs podem fazer isso em escala menor. A Netflix reduziu dependências: não precisa mais licenciar conteúdo que pode perder, agora, ela é dona do ativo. No mundo das pequenas empresas, isso significa dominar processos internos, reduzir dependências externas críticas, trazer para dentro o que é estratégico, padronizar aquilo que não pode falhar. Verticalizar não é “ficar gigante”, é assumir controle daquilo que define sua qualidade e seu custo.
Portfólio forte reduz risco, variedade protege contra sazonalidade. O catálogo da Warner é gigantesco, diverso e intergeracional, isso reduz risco e amplia previsibilidade de receita. Para PMEs, se você tem um único produto ou serviço, vive vulnerável. Diversifique: linhas de serviço, produtos de entrada, ofertas recorrentes, planos de fidelidade, soluções complementares. Quem depende de um único produto, depende da sorte.
A conveniência é o verdadeiro motor da lealdade. Por que o streaming explodiu? Simples: porque ficou fácil. O cliente moderno não quer só qualidade, ele quer simplicidade, velocidade, ausência de atrito. A Netflix entendeu isso, empresas de qualquer porte precisam entender também. Pergunta crítica: comprar da sua empresa é simples? Falar com você é fácil? Pedir suporte dói ou alivia? A experiência do cliente, e não o produto em si, será o divisor de águas em 2026.
Ativos intangíveis valem mais do que ativos físicos. Marca, catálogo, propriedade intelectual, reputação, estamos entrando em um mundo em que o invisível vale mais do que o inventário. Para PMEs, sua marca vale, sua cultura vale, seu método vale, sua reputação vale, sua experiência vale. Empresários precisam parar de valorizar apenas o que aparece no balanço e começar a fortalecer o que aparece no comportamento do cliente.
Grandes movimentos exigem governança, e isso vale para empresas pequenas também. A fusão Netflix e Warner não é só glamour, ela envolve regulação, integração de equipes, choque cultural, alinhamento operacional, mudança de sistemas, gestão de expectativas, ou seja, estrutura. Não adianta querer crescer se a base interna não aguenta. Empresas pequenas quebram tentando fazer o que grandes fazem porque ignoram o básico: governança, processos, liderança, rituais e clareza de responsabilidade. O movimento da Netflix prova que crescimento sem estrutura é caos disfarçado de oportunidade.
A fusão Netflix e Warner não é apenas um capítulo da história do entretenimento, é uma síntese poderosa de tudo que define empresas vencedoras: estratégia clara, domínio do ativo, verticalização inteligente, conveniência como valor, intangíveis fortes, governança madura. Empresas pequenas e médias também podem, e devem, aplicar esses princípios. Porque, no fim das contas, não importa o tamanho da empresa, o que importa é a qualidade das decisões. E decisões melhores sempre criam empresas melhores.













