Leandra Costa

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2025 termina como um ano que não apenas fechou ciclos, mas também expôs algo essencial: estamos entrando em uma fase da história em que o futuro corre mais rápido do que nossas certezas. O trabalho muda, os negócios se transformam, a tecnologia avança em saltos, mas o que realmente decide quem prospera continua sendo profundamente humano.

Os gráficos de projeções recentes mostram isso de forma clara: cresce a demanda por tudo que envolve dados, inteligência artificial, software, segurança digital, automação, energia limpa. Ao mesmo tempo, profissões ligadas a tarefas repetitivas, operacionais e previsíveis perdem espaço. O digital se expande, mas o que realmente gera valor continua sendo o repertório humano: a capacidade de pensar, interpretar, criar, se relacionar e decidir.

O futuro do trabalho não é apenas técnico. Ele é cognitivo, emocional e ético.

E isso ficou simbolicamente claro em uma cena que vivi hoje na estrada. Todos os carros pararam. Um rapaz em uma moto, de chinelo nos pés, fez um gesto simples com a mão para interromper o fluxo, incluindo os carros velozes e sofisticados que existem hoje. O motivo? Um bicho-preguiça atravessava lentamente a pista. Ele desceu da moto, foi até o animal e o conduziu em segurança. Enquanto isso, diversas pessoas sacavam seus celulares para registrar aquele momento raro: tecnologia em pausa para a vida passar.

A cena é um retrato perfeito do nosso tempo.

Vivemos cercados por máquinas inteligentes, algoritmos poderosos e negócios digitais em escala global. Mas ainda somos nós que decidimos quando parar, quando proteger, quando priorizar o que importa. O futuro não é apenas sobre velocidade, é sobre discernimento.

Para o empreendedor, isso muda tudo.

Pequenos negócios não competirão com grandes plataformas em infraestrutura tecnológica, mas podem vencer em algo que nenhuma IA substitui: entendimento profundo de gente.

Grandes empresas digitais, por sua vez, só continuarão relevantes se não esquecerem que, por trás de cada dado existe uma pessoa real, com desejos, limites e expectativas.

2026 não será o ano de quem tiver apenas a melhor tecnologia.

Será o ano de quem tiver o melhor repertório humano para usá-la.

Empreender, daqui para frente, exigirá mais do que eficiência. Exigirá visão, empatia, leitura de contexto e capacidade de antecipar movimentos, exatamente o que o foresight nos ensina: observar sinais fracos hoje para tomar decisões melhores amanhã.

Aquele rapaz da moto não tinha um algoritmo. Tinha consciência.

O carro veloz de marca não tinha dúvida. Tinha que obedecer ao humano.

Talvez esse seja o verdadeiro desenho do futuro: tecnologia potente, sim, mas subordinada ao que faz sentido.

Entramos em 2026, não buscando apenas sucesso.

Buscamos repertório de desejo: projetos que caibam na vida que queremos viver, negócios que resolvam problemas reais, carreiras que integrem inteligência e humanidade.

Se 2025 nos ensinou algo, é que mudar não é mais opção.

Mas escolher como mudamos… isso continua sendo profundamente humano.

E é aí que mora a nossa maior vantagem.

Um excelente 2026 a todos.

Os artigos publicados são de responsabilidade dos colunistas e não refletem, necessariamente, a opinião do Portal Total News

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Leandra Costa

Gerente Laboratório Aberto de Inovação - Living lab MS (Sebrae/MS). Formada em Administração e Comércio Exterior, com especialização em Gestão Global de Negócios, Politicas públicas para Mulheres, Mestranda em Desenvolvimento Local. Trabalha no Sebrae há mais de 24 anos, com vasta experiência em Atendimento, Mercado, Inovação e Tecnologia. Certificada em Mentoria de Liderança do Futuro e também Certificada em Gestão de Inovação, ambos pela GIMI - Global Innovation Managment Institute de Boston/EUA. | @lecosta_ms
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