Participar da sessão “Point-counterpoint: An Animated Face-off Between Two Tech Titans” foi uma oportunidade única para mergulhar em um debate profundo e dinâmico sobre os rumos do varejo em 2025. A troca de ideias entre Jason Goldberg e Christine Russo trouxe à tona perspectivas contrastantes, mas complementares, sobre os desafios e oportunidades que moldarão o setor nos próximos anos. Ao ouvir as opiniões de dois gigantes do varejo, ficou claro que, embora as abordagens possam diferir, o sucesso dependerá de inovação, adaptação e, acima de tudo, de uma visão estratégica alinhada às mudanças globais.
O debate começou com uma provocação que me fez refletir como as empresas podem integrar diferentes gerações no varejo? Christine Russo trouxe uma perspectiva inspiradora ao enfatizar a importância da empatia e da tecnologia para criar ambientes inclusivos. Ferramentas como o sistema de IA HeyDora, que facilita a comunicação intergeracional, são exemplos claros de como a tecnologia pode promover a colaboração. Jason Goldberg, por outro lado, desafiou a relevância das divisões geracionais, argumentando que o fator mais determinante no comportamento de consumo é a riqueza, não a idade. Esse contraste de opiniões me levou a ponderar sobre como equilibrar a personalização para diferentes públicos sem perder de vista o poder aquisitivo como métrica central.
Quando o tema mudou para sustentabilidade e transparência na cadeia de suprimentos, fiquei intrigado com os pontos apresentados. Christine ressaltou o papel de regulamentos como o Digital Product Passport europeu e a importância de tecnologias como RFID para rastreamento de produtos. Essas inovações, além de atenderem às
exigências regulatórias, são um caminho para empresas construírem marcas mais confiáveis e responsáveis. Jason, no entanto, trouxe uma visão pragmática, destacando que práticas sustentáveis nem sempre se traduzem em preferência do consumidor, citando casos de sucesso de empresas como Shein e TikTok Shops, que prosperam mesmo com práticas questionáveis. Isso reforça o dilema: como equilibrar sustentabilidade com viabilidade econômica no curto prazo?
Outro ponto alto do debate foi a discussão sobre como medir o sucesso no varejo físico. Christine propôs uma visão inovadora ao sugerir métricas intangíveis, como felicidade e entusiasmo dos consumidores, combinadas com tecnologias como visão computacional para melhorar a experiência na loja. Jason, mais analítico, destacou o valor vitalício do cliente (Customer Lifetime Value) como a métrica mais relevante, enfatizando a necessidade de criar experiências consistentes e memoráveis. Para mim, essas duas abordagens são complementares. Medir o sucesso por meio da experiência emocional do cliente e, ao mesmo tempo, manter um olhar estratégico sobre o impacto de longo prazo são passos essenciais para qualquer varejista que deseje prospera.
O painel também trouxe à tona os impactos de mudanças políticas no setor. Jason alertou sobre riscos como tarifas comerciais e a incerteza em torno de plataformas como TikTok, enquanto Christine destacou o papel do varejo como nivelador social, criando oportunidades inclusivas. Essa discussão me fez pensar sobre a importância de antecipar riscos políticos e adaptar modelos de negócios para proteger tanto as operações quanto o
impacto social do varejo.
Por fim, mesmo que a questão sobre a alocação de recursos entre marketing e descontos tenha sido abordada de forma breve, ela evidenciou um ponto crítico para 2025. Encontrar o equilíbrio entre investir em construção de marca e em marketing de performance será decisivo para as empresas que desejam se destacar em um mercado
competitivo.
Essa sessão não apenas provocou reflexões, mas também levantou perguntas que considero essenciais para transformar nossas empresas no varejo do futuro:
- Estamos prontos para integrar e valorizar diferentes gerações no ambiente de trabalho e no consumo?
- Como podemos equilibrar sustentabilidade e viabilidade econômica, atendendo tanto às demandas do mercado quanto às exigências regulatórias?
- Quais métricas de sucesso podem capturar tanto o impacto emocional no cliente quanto o valor econômico a longo prazo?
- Estamos preparados para lidar com riscos políticos e mudanças geopolíticas que afetam diretamente nosso setor?
- Como podemos alocar nossos investimentos de maneira mais inteligente entre marketing de performance e construção de marca?
O debate reforçou algo que já venho defendendo o varejo de amanhã não será moldado apenas por tecnologia ou dados. Ele será definido pela capacidade de unir inovação, empatia e estratégia em um cenário de constantes mudanças. Enquanto algumas empresas continuarão priorizando velocidade e eficiência, aquelas que investirem na experiência humana, na sustentabilidade e em narrativas autênticas estarão mais bem posicionadas para liderar. Para mim, o grande desafio é equilibrar essas forças e criar um modelo de negócios que inspire confiança e fidelidade em consumidores cada vez mais exigentes.
DIJAN DE BARROS
NRF2025