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A Semana Fashion Revolution 2025 em Campo Grande se encerra nesta sexta-feira (25) com um desfile-manifesto que ocupará a Plataforma Cultural a partir das 19h. O evento reúne arte, moda e diversidade com a proposta de ampliar o debate sobre sustentabilidade e inclusão no setor.

Idealizado pelas figurinistas e diretoras de arte Jessika Rabello e Madu Artie, o desfile contará com a participação de pessoas pretas, mulheres trans, travestis e pessoas com deficiência, que apresentarão figurinos autorais criados a partir do upcycling – técnica que reutiliza materiais e roupas em desuso para criar novas peças.

Jessika na oficina de costura da Dona Leo, organizada pelo Fashion Revolution Campo
Grande 2025. (Foto: Ana Laura Menegat)

“Eu preciso que esse desfile consiga informar e formar as pessoas a respeito de que a moda é política, ela é ancestral, ela é espiritual, ela é tecnológica”, afirma Jessika, que também é pedagoga e multiartista. Para ela, a moda só pode ser verdadeiramente transformadora se compreender os atravessamentos de “raça, classe, gênero e sexualidade”.

As roupas foram feitas sob medida para cada modelo, respeitando as especificidades de seus corpos. “Roupa a gente pode comprar em qualquer lugar, agora moda… Para a gente construir moda, a gente tem que imprimir identidade de todas as pessoas que compõem esse processo”, diz a figurinista.

Para Madu, arquiteta, urbanista e também multiartista, o desfile representa uma tomada de espaço histórica. “Esse desfile representa revolução e ocupação, porque a gente construir esse desfile com a tecnologia espiritual e travesti é justo. Esse espaço foi muito negado para nós, mas a moda consome muito da nossa estética”, afirma.

A artista destaca o protagonismo travesti nas discussões de gênero e o apagamento dessas contribuições pela indústria. “Quem questiona o gênero somos nós, as travestis, as pessoas trans. Somos nós que fazemos isso antes, e isso é pegado da gente e levado para esse ambiente fechado da moda e da passarela. A gente está abrindo isso, a gente está entrando e ocupando esse espaço”.

O evento tem entrada gratuita e acontece das 19h às 21h30 na Plataforma Cultural, localizada na Avenida Calógeras, 3015. Durante a programação, o público também poderá acompanhar intervenções artísticas e performances.

Semana Fashion Revolution

A edição de 2025 do Fashion Revolution em Campo Grande discutiu o tema “Pense Global, Aja Local: quem é o Brasil na Revolução da Moda?” e buscou aproximar a realidade local das pautas globais de sustentabilidade na indústria. A semana contou com oficinas, rodas de conversa, intervenções urbanas e debates sobre consumo, trabalho e produção.

O movimento internacional surgiu após o desabamento do edifício Rana Plaza, em Bangladesh, que matou 1.138 trabalhadores da indústria têxtil em 2013. Desde então, o Fashion Revolution promove ações em diversos países por uma moda mais ética e justa.

Jessika vê o desfile como um ato de resistência e celebração. “Estamos aqui! Estamos vivas! e não vamos a lugar nenhum!”, afirma. Já Madu define o processo como uma construção coletiva: “É muito especial viver tudo isso em conjunto como um grande quilombo dessas pessoas que resistem”.

Arte: Agnes Viana

Fotos: Ana Laura Menegat

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