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Com a tarifa de 50% prestes a entrar em vigor na próxima sexta-feira (1º), senadores brasileiros iniciaram, na terça-feira (29), a etapa mais sensível da missão oficial aos Estados Unidos. Desde ontem (29), o grupo manteve reuniões fechadas com parlamentares americanos na tentativa de retomar o diálogo político entre os dois países e reforçar a posição institucional do Brasil diante da medida anunciada pelo ex-presidente Donald Trump.

As reuniões, restritas aos parlamentares, incluíram encontros com democratas e republicanos. Pela manhã, os senadores brasileiros conversaram com os democratas Ed Markey e Martin Heinrich, que se comprometeram a apoiar o pleito do Brasil pelo adiamento da tarifa e pela exclusão de determinados produtos da lista.

À tarde, a comitiva encontrou o republicano Thomas Tillis e ainda buscava contato com Lindsey Graham, próximo ao ex-presidente Trump. “Temos boas expectativas com esses contatos”, afirmou a senadora Tereza Cristina (PP-MS), vice-presidente da Comissão de Relações Exteriores (CRE) do Senado.

A delegação é liderada por Nelsinho Trad (PSD-MS), presidente da CRE, e aposta no peso simbólico e diplomático da visita para mobilizar apoio junto ao Congresso americano e ao setor privado. A tarifa afeta diretamente exportações brasileiras de produtos como aço, alumínio, alimentos e manufaturados e pode representar prejuízos de até R$ 175 bilhões em uma década, segundo estimativas da Federação das Indústrias de Minas Gerais (Fiemg).

“O Senado está agindo diplomaticamente para reconstruir pontes entre Brasil e Estados Unidos. Nossa missão é abrir caminhos para o diálogo e tentar evitar que tarifas injustas recaiam sobre quem trabalha e produz”, avaliou a senadora.

No dia anterior, segunda-feira (28), os senadores se reuniram com empresários brasileiros e americanos na sede da U.S. Chamber of Commerce, a maior organização empresarial do mundo. “Sabemos que não cabe ao Legislativo negociar tarifas, mas estamos fazendo a nossa parte. Hoje (ontem) nos encontramos com empresários brasileiros e americanos numa verdadeira força-tarefa pelo nosso país. Acreditamos que nenhuma ideologia pode falar mais alto que o bom senso e o compromisso com o bem-estar de brasileiros e americanos”, disse Tereza Cristina após o encontro.

Na reunião, os parlamentares articularam apoio a uma manifestação da entidade americana pedindo ao governo dos EUA o adiamento da tarifa. O argumento principal é que a medida compromete a previsibilidade das empresas — inclusive as norte-americanas — e ameaça cadeias produtivas inteiras, especialmente nos setores de alimentos e perecíveis.

Empresários americanos também pressionam
Participaram da reunião representantes da U.S. Chamber of Commerce e de grandes empresas como Cargill, Caterpillar, ExxonMobil, Shell, Dow Chemical, Merck, S&P Global, Johnson & Johnson, IBM, DHL e Kimberly-Clark. O encontro foi articulado pelo Brazil-U.S. Business Council e contou com a presença da embaixadora Maria Luiza Viotti e de integrantes da missão diplomática brasileira.

Durante a conversa, executivos defenderam gestos concretos do Brasil e citaram como referência o recente acordo entre os EUA e a União Europeia. “O Brasil precisa mostrar que é insubstituível em cadeias produtivas críticas, como alimentos, energia e componentes industriais”, afirmou um dos representantes empresariais. A avaliação geral foi de que a complementaridade econômica e o pragmatismo diplomático são essenciais para evitar perdas nos dois lados.

A estratégia defendida é pressionar pela postergação da medida enquanto se constroem alternativas técnicas e diplomáticas. Segundo o senador Carlos Viana (Podemos-MG), foi solicitado à Câmara de Comércio que intermedie um diálogo entre os presidentes do Brasil e dos Estados Unidos, com o objetivo de retomar as conversas políticas em alto nível.

Crítica ao silêncio de Lula
Na segunda-feira (28), a senadora Tereza Cristina também criticou a ausência de um gesto direto do presidente Lula. “O tempo corre, e enquanto o presidente Lula se recusa a se aproximar do presidente Trump, nós, como representantes responsáveis do povo, fazemos o possível — e o impossível — nos Estados Unidos para defender os interesses do nosso país”, declarou.

Além de Nelsinho Trad e Tereza Cristina, ambos de Mato Grosso do Sul, integram a missão os senadores Jaques Wagner (PT-BA), Astronauta Marcos Pontes (PL-SP), Rogério Carvalho (PT-SE), Carlos Viana (Podemos-MG), Fernando Farias (MDB-AL) e Esperidião Amin (PP-SC). A viagem foi aprovada por unanimidade no plenário do Senado.

Nesta quarta-feira (30), último dia da missão, os parlamentares têm reunião com representantes da Americas Society / Council of the Americas, entidade que reúne lideranças da sociedade civil e do setor empresarial para fortalecer as relações interamericanas.

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