O Governo de Mato Grosso do Sul anunciou nesta quarta-feira (3) a instalação de um novo porto multifuncional em Porto Murtinho, iniciativa vinculada ao avanço das obras da Rota Bioceânica e às estratégias estaduais de desenvolvimento regional. A confirmação ocorreu durante visita da delegação argentina da província de Entre Ríos ao governador Eduardo Riedel e ao secretário Jaime Verruck, titular da Semadesc (Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação).
No encontro, foi formalizada a entrega do licenciamento ambiental e da licença de instalação para construção do terminal, que terá aporte estimado em R$ 180 milhões. O empreendimento será executado pelo PTP Group, empresa considerada a maior operadora portuária da hidrovia Paraguai-Paraná. As obras devem começar em 2026. Com o novo terminal, Porto Murtinho passará a contar com três portos em operação.
Segundo o secretário Jaime Verruck, o porto terá uso diversificado. “A gente chama [o porto] de multiuso, então ele vai trabalhar com fertilizantes, grãos e com containers. A hidrovia é uma conexão com a Rota Bioceânica. Então, a gente tem que olhar a Rota e essa potencialidade também da hidrovia. É mais um investimento que está vindo para o Estado, em Porto Murtinho, e nessa transição logística que o Mato Grosso do Sul passa”, afirmou.
O secretário destacou que o projeto deve transformar a região em um hub logístico integrado aos demais empreendimentos do PTP Group, que opera portos na Argentina, Paraguai, Uruguai, Espanha e Brasil. Ele avaliou que a ampliação da infraestrutura portuária é determinante para o aumento da competitividade logística.
“A PTP é uma empresa portuária que opera em toda a hidrovia, na Argentina e Uruguai. E agora vai fazer um investimento no Brasil. A hidrovia só funciona se nós tivermos estrutura portuária. […] A estruturação dessa hidrovia é positiva, e a curto prazo é mais investimento e uma estrutura portuária, de uma empresa já consolidada no âmbito da hidrovia”, completou.
Expansão logística e integração regional
Durante a reunião com o governo estadual, o CEO da PTP Group, Guillermo Misiano, afirmou que a instalação do novo porto amplia as vantagens competitivas do corredor bioceânico. “Então todo o circuito passa a ser mais competitivo, mais barato para o produtor, que vai ter a possibilidade de ter melhor preço para seus grãos e comprar os fertilizantes mais barato que com as opções atuais”.
O prefeito de Porto Murtinho, Nelson Cintra, reforçou a importância da integração entre modal rodoviário e hidroviário. “Nós temos duas vertentes de desenvolvimento, a Rota Bioceânica e o rio Paraguai. E esses grandes empresários argentinos estão vendo isso, e olhando que o Mato Grosso do Sul é muito importante nesse cenário nacional juntamente com este novo corredor”.
Porto Murtinho é ponto estratégico da Rota Bioceânica, corredor que ligará o Brasil aos portos chilenos no Pacífico. A ponte binacional entre Porto Murtinho e Carmelo Peralta, no Paraguai, está em construção e já atingiu 80% de execução. Mais de 400 trabalhadores atuam no canteiro. A obra, orçada em R$ 575,5 milhões (US$ 93 milhões) e financiada pela administração paraguaia da Itaipu, deve ser concluída no primeiro semestre de 2026.
No lado brasileiro, avança a obra federal que conectará a BR-267 à ponte, estimada em R$ 472 milhões. O projeto inclui uma alça de 13,1 km, um contorno rodoviário e a implantação de um Centro Aduaneiro para controle de fronteira. O prazo para conclusão é de 26 meses.
A rota promete reduzir significativamente o tempo de transporte para a Ásia. Para a China, por exemplo, a diminuição pode chegar a 23%, o que representa de 12 a 17 dias a menos de viagem. O presidente do Paraguai, Santiago Peña, destacou recentemente a relevância da obra para a integração econômica regional.
O governo estadual mantém ainda cerca de R$ 80 milhões investidos em infraestruturas diversas em Porto Murtinho, incluindo obras nas áreas de saúde, educação e logística.
Com informações e imagem do Governo de Mato Grosso do Sul


















