Após duas semanas do início das aulas, a proibição do uso de celulares nas escolas tem gerado um impacto positivo tanto no comportamento dos alunos quanto no engajamento nas atividades acadêmicas. A medida, que busca aumentar a concentração dos estudantes e incentivar a interação social, foi implementada para combater o uso excessivo das telas, que vinha prejudicando o aprendizado e as relações interpessoais dentro da sala de aula.
De acordo com a psicopedagoga Carla Pacheco Normando, especialista em educação e orientação parental, a proibição tem contribuído para uma melhora no desempenho acadêmico dos alunos, uma vez que a ausência de celulares favorece o foco nas aulas. “A proibição do uso do celular em sala de aula pode impactar positivamente no desempenho acadêmico dos alunos, melhorando a concentração e ajudando no relacionamento entre as crianças e os adolescentes. O uso excessivo de telas prejudica a qualidade da aprendizagem e socialização”, afirmou.
Ela destacou que, embora os celulares não sejam vilões por si só, o seu uso descontrolado é o verdadeiro problema. “O celular não deve ser encarado como um vilão, o problema é o excesso. Quando utilizado de maneira correta, com a mediação do professor, pode trazer muitos benefícios. Os alunos podem usar o celular para explorar conteúdos didáticos e até realizar visitas virtuais a locais que talvez nunca teriam oportunidade de conhecer”.
O impacto da medida também é visível nas interações sociais. O secretário Estadual de Educação, Hélio Daher afirma que a proibição tem proporcionado uma melhora na comunicação entre os alunos. “Os estudantes estão conversando mais e, consequentemente, interagindo mais nas aulas. A falta de distrações digitais tem favorecido a socialização entre eles”.
Segundo o secretário, os feedbacks iniciais das escolas indicam que os alunos estão mais atentos e engajados nas atividades propostas pelos professores. “Os professores notaram um aumento na participação dos alunos e um ambiente mais focado nas atividades pedagógicas”.
Ainda assim, os alunos, especialmente aqueles mais acostumados com o uso constante de seus celulares, apresentaram resistência à medida. “Os estudantes apresentam uma resistência inicial, mas isso é esperado. Temos dois grupos: um que é mais resistente à mudança, e outro que já estava percebendo o impacto negativo do vício das telas”, explicou. Ele mencionou que, para os alunos com vício em dispositivos móveis, é necessário um acompanhamento mais rigoroso, que envolve tanto os professores quanto as famílias.
A medida não tem gerado grande resistência por parte dos pais. Muitos têm manifestado apoio à iniciativa, reconhecendo os benefícios da limitação do uso de celulares. Alana Collin Barbosa, arquiteta e mãe de uma criança de 5 anos, acredita que a proibição está ajudando na redução da agressividade e na melhora do comportamento do filho. “Acho que o uso excessivo de celulares afeta bastante o comportamento das crianças. Eu mesma estou reduzindo o tempo de tela em casa também”.
Por outro lado, a psicóloga Elí Cristina da Silva, que tem convívio direto com crianças em idade escolar, embora seja a favor da limitação do uso de celulares em sala de aula, defende que o uso da tecnologia não deve ser totalmente proibido. “Acredito que o celular deve ser controlado dentro da sala de aula, mas também deve haver uma reflexão sobre como usá-lo de forma benéfica, pois é uma ferramenta de comunicação e aprendizado. Talvez, um equilíbrio entre o uso permitido para fins educacionais e o controle adequado seja o melhor caminho”.
Hélio Daher mencionou também que a implementação da medida foi cuidadosamente planejada. As escolas receberam orientações sobre como lidar com a nova regra, mas cada instituição esteve livre para adaptar a dinâmica de acordo com sua realidade. Em algumas escolas, o celular é recolhido no início da aula e guardado no armário; em outras, o aparelho é apenas guardado na mochila, mas de forma que o uso durante as atividades escolares não seja permitido.
A iniciativa tem demonstrado uma evolução constante. A secretaria de educação está acompanhando de perto o impacto da medida, com a intenção de realizar ajustes conforme necessário. “Ainda estamos observando os resultados, em breve poderemos coletar dados mais detalhados sobre como a proibição tem influenciado no desempenho acadêmico, nas relações sociais e no bem-estar dos alunos”.
O secretário ressaltou que, dependendo dos resultados, ajustes poderão ser feitos para garantir que a medida continue eficaz, mas sem prejudicar o aprendizado.
O Governo do Estado está investindo em ações de conscientização para equilibrar o uso da tecnologia com o desenvolvimento de habilidades socioemocionais. Programas de educação socioemocional estão sendo implementados nas escolas, com foco em desenvolver competências como empatia, comunicação social e gerenciamento de emoções.
“O objetivo é garantir que os alunos, além de aprenderem conteúdos acadêmicos, desenvolvam habilidades para lidar com as pressões sociais e emocionais, especialmente no contexto digital”, explicou.
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