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Com o início da Quaresma, milhões de cristãos em todo o mundo intensificam suas práticas espirituais em preparação para a Páscoa. O período, que se estende por 40 dias a partir da Quarta-Feira de Cinzas, é marcado por oração, jejum e caridade, símbolos de renovação da fé e penitência.

A contagem do período da Quaresma faz referência aos 40 dias em que Jesus Cristo esteve no deserto. Em 2025, a Quaresma vai até o dia 17 de abril, antes da celebração da Quinta-Feira Santa. Após esse período, inicia-se o Tríduo Pascal, que compreende a Sexta-Feira Santa, o Sábado de Aleluia e o Domingo de Páscoa.

A Quaresma é um período em que muitos fiéis optam por abdicar de hábitos para fortalecer sua espiritualidade. A dona de casa Gislaine Mara Contrera, de 41 anos, compartilha que este é seu segundo ano praticando penitência, enquanto sua irmã, Giselle Valkiria Contrera Benites, funcionária pública de 43 anos, segue essa prática há quatro anos. “Diminuir maus hábitos, como bebidas alcoólicas e doces, é uma forma de lembrar o que Jesus passou no deserto”, afirma Gislaine.

Ela relatou que a penitência mais desafiadora foi abrir mão de doces e refrigerantes, especialmente em épocas comemorativas como aniversários. Giselle enfrentou dificuldades ao renunciar ao tereré, enquanto Gislaine sentiu a diferença ao deixar os doces. “A gente descobre que não precisa de muito para viver e que aquilo que julgamos importante não é tão essencial”, reflete.

A data da Páscoa tem uma origem histórica e tradicional milenar. Segundo o historiador Henry Guimarães a contagem dos dias para a Páscoa nasceu há milhares de anos com uma tradição Judaica. “Há alguns milhares de anos que a gente comemora ali, desde a tradição judaica ou nos primeiros anos do cristianismo, a Páscoa acontece depois da primeira lua que tem no processo do equinócio de primavera no hemisfério norte. Então, é um calendário que tem que ser pensado antes porque depende da situação lunar”.

Ele explica também que a referência ao primeiro equinócio da primavera é judaica e não cristã, pois remete à passagem dos judeus sob o jugo egípcio e sua posterior libertação. “Por sinal, a palavra Páscoa na língua judaica, significa Pessac, que significa passagem, então a passagem dos judeus, caminhando, por exemplo, 40 dias no deserto, até retomar de volta a sua terra natal”, diz o historiador.

Para a Quaresma de 2025, o Papa Francisco propôs o lema “Peregrinos da Esperança”, incentivando os fiéis a refletirem sobre a fé, o arrependimento e a renovação espiritual, além de se prepararem para a Páscoa. A Igreja orienta a prática de penitências como jejuns, obras de caridade e oração.

A Quarta-Feira de Cinzas é um dia de grande significado para os fiéis católicos. Durante a missa, os participantes recebem uma cruz de cinzas na testa, feita a partir dos ramos queimados do Domingo de Ramos do ano anterior. Esse ritual simboliza a brevidade da vida e a necessidade de conversão.

A nutricionista Arianne Dias Corrêa, de 25 anos, também adotou restrições durante a Quaresma, diminuindo o tempo em redes sociais e se abstendo de refrigerantes. “Percebi que passava muito tempo no celular, e agora estou sentindo a diferença”. Para ela, esse período é de reflexão e fortalecimento da fé.

Além disso, Arianne compartilha que algumas práticas penitenciais acabam sendo mantidas após a Quaresma. “Sempre tento mantê-las depois, algumas consigo, outras nem tanto”. Ela também relembra um momento marcante em sua jornada espiritual, o período de luto pela avó. 

“Esse momento de reflexão, na qual estava com o coração aberto e mais vulnerável, me fez enxergar com mais clareza e com certeza acalmou meu coração para algo que me afligia. Hoje entendo que foi o momento certo e sem sofrimento para ela voltar ao céus”, diz.

Henry Guimarães explica que a Quaresma tem registros históricos desde os primeiros séculos do Cristianismo. Inicialmente chamada de “Quadragésima”, em referência aos 40 dias de preparação para a Páscoa, foi oficialmente instituída pela Igreja Católica por volta do ano 350 d.C.

A expansão do Cristianismo e sua oficialização pelo Império Romano contribuíram para a consolidação da Quaresma como um período de reflexão e penitência. A tradição da abstinência de carne e outras práticas de renúncia tornaram-se comuns nesse período.

Já o Carnaval, festividade que antecede a Quaresma, também tem origens religiosas. A palavra “carnaval” deriva do latim “carne levare”, que significa “afastar-se da carne”, indicando o início do período de jejum e penitência. Com o tempo, a celebração assumiu novos significados e se tornou uma grande festa popular.

No Brasil, a relação entre Quaresma e questões sociais também se manifesta por meio da Campanha da Fraternidade, organizada anualmente pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). Em 2025, o tema da campanha aborda “Fraternidade e Ecologia Integral” e o lema: “Deus viu que tudo era muito bom”, alinhando-se às preocupações globais sobre mudanças climáticas e preservação do meio ambiente.

Foto: Paulo Pinto/Agencia Brasil

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