Eleito em conclave considerado rápido, o agostiniano com fortes vínculos com América Latina promete continuidade das reformas de Francisco
O cardeal Robert Francis Prevost, de 69 anos, foi eleito nesta quinta-feira (8) como o novo papa da Igreja Católica. Escolhido pelos cardeais reunidos em conclave na Capela Sistina, o norte-americano será conhecido como Papa Leão XIV , tornando-se o 267º sucessor de São Pedro e o primeiro pontífice nascido nos Estados Unidos.
A decisão foi anunciada após apenas quatro rodadas de votação — um processo considerado rápido e interpretado como sinal de unidade dentro da Igreja. Fumaça branca saiu da chaminé da Capela Sistina por volta das 18h (horário local), sendo seguida pelo tradicional anúncio do Habemus Papam na sacada da Basílica de São Pedro.
Prevost é membro da Ordem de Santo Agostinho e também o primeiro agostiniano a ocupar o mais alto posto da hierarquia católica. A escolha do nome Leão XIV remete tanto ao simbolismo de liderança quanto, possivelmente, à figura de frei Leão, companheiro de São Francisco de Assis — papa que o novo pontífice afirmou admirar profundamente.
Apesar de ter nascido em Chicago, Prevost tem nacionalidade peruana desde 2015 e viveu grande parte da vida adulta como missionário no Peru, onde atuou como pároco, professor e bispo.
Filho de pai americano e mãe espanhola, Prevost estudou matemática na Filadélfia antes de iniciar sua vida religiosa. Foi ordenado sacerdote em 1982 e se tornou doutor em direito canônico em Roma, cinco anos depois. Serviu como prior provincial – cargo de alta hierarquia dentro da ordem, responsável por supervisionar os membros da província e garantir a implementação das diretrizes do superior geral da ordem – e, posteriormente, como prior geral dos agostinianos em todo o mundo. Sua experiência administrativa e pastoral foi destacada por aliados dentro do Colégio Cardinalício.
A rápida ascensão de Prevost no Vaticano começou em 2023, quando o papa Francisco o trouxe para Roma para chefiar o Dicastério para os Bispos, órgão responsável pela nomeação de novos prelados – título de honra para altos cargos da Igreja. No mesmo ano, foi nomeado cardeal, recebendo a igreja titular de Santa Mônica. Em fevereiro de 2025, foi promovido a cardeal-bispo de Albano, uma das sedes mais prestigiosas da Igreja.
O novo papa é considerado um reformista e defensor do legado de Francisco, sobretudo nas pautas sociais e ambientais. Em entrevistas recentes, defendeu a continuidade das transformações na estrutura e na atuação da Igreja.
Durante o primeiro discurso como pontífice, Leão XVI homenageou Francisco e o chamou de “voz corajosa e abençoada”. Ao final, pediu união e oração, alternando entre o italiano e o espanhol. “A humanidade precisa de Cristo como ponte para ser alcançada por Deus e seu amor”, declarou.
O pontífice assume o cargo em um contexto de desafios para a Igreja Católica: escândalos de abusos, perda de fiéis em regiões tradicionalmente católicas e tensões internas entre alas progressistas e conservadoras. Ele também herda a missão de manter a abertura ao diálogo com outras religiões e de consolidar as reformas na Cúria Romana – corpo administrativo central da Santa Sé, que auxilia o Papa no exercício da sua jurisdição sobre a Igreja Católica Universal – iniciadas por Francisco.
Foto: Reprodução/Vatican News
