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O Dia Mundial do Diabetes, celebrado nesta sexta-feira (14), reacende o alerta para o avanço da doença no Brasil e no mundo. Estimativas atualizadas apontam que mais de 20 milhões de brasileiros convivem com diabetes, condição crônica que, muitas vezes silenciosa, pode gerar complicações graves quando não diagnosticada e tratada precocemente.

“O diabetes é uma doença silenciosa e muitos não sabem dessa condição, o que pode acarretar complicações sérias, como problemas renais e cardiovasculares, neuropatias e até cegueira”, afirma o presidente da Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD), Ruy Lyra. Ele lembra que o pré-diabetes, fase em que a glicemia está aumentada, mas ainda abaixo dos níveis que definem o diagnóstico, também exige atenção imediata. “Isso significa que a pessoa apresenta um grande risco para desenvolver o diabetes tipo 2”.

O crescimento da obesidade e do sedentarismo entre os brasileiros explica boa parte da elevação dos casos. A situação levou a SBD a revisar suas recomendações: a idade ideal para iniciar exames de glicemia passou de 45 para 35 anos, segundo a entidade. A mudança, considerada histórica, busca ampliar o diagnóstico precoce.

Situação global preocupa entidades

O cenário brasileiro acompanha a tendência mundial. Dados apresentados no 25º Congresso da SBD mostram que 590 milhões de pessoas vivem hoje com diabetes no mundo e a projeção para 2050 é de 853 milhões, de acordo com o Atlas da Federação Internacional de Diabetes (IDF).

“Os países de baixa renda são os mais afetados”, afirma o presidente da IDF, Peter Schwarz. A vice-presidente da federação, Hermelinda Pedrosa, reforça que a falta de diagnóstico segue sendo um dos maiores desafios. “Mais de 40% das pessoas desconhecem o diagnóstico”.

Neste ano, os especialistas destacaram um fator adicional de impacto crescente: a poluição do ar. Segundo Schwarz, “um quinto de todos os casos de diabetes tipo 2 está associado principalmente à resistência à insulina causada pela poluição ambiental”. O avanço deve ser mais intenso em países menos desenvolvidos, onde o uso de veículos a diesel, grandes emissores de partículas poluentes, ainda é predominante. “Projeções indicam que o número de casos vai duplicar na África”, afirma.

Prevenção ainda é o caminho mais eficaz

Para a endocrinologista Marina Costa, do Hospital Orizonti, a prevenção continua sendo a principal ferramenta para evitar a progressão do pré-diabetes e o avanço do diabetes tipo 2. “O pré-diabetes representa uma oportunidade de mudança, em que ajustes no estilo de vida podem prevenir ou retardar a evolução para o diabetes tipo 2”, afirma.

Ela explica que, embora haja forte componente genético, são os hábitos cotidianos que determinam se a doença irá se manifestar. “Se você praticar atividade física, adotar uma alimentação saudável com foco na redução do peso corporal em casos de sobrepeso ou obesidade, realizar exames regularmente e manter a atenção à sua saúde, é possível evitar que uma predisposição genética evolua para o diabetes ao longo da vida”.

Durante o congresso da SBD, foram reforçados os seis pilares da medicina do estilo de vida, considerados essenciais na prevenção e no controle do diabetes:

  • Alimentação equilibrada, com restrição a ultraprocessados;
  • Atividade física regular, que aumenta a sensibilidade à insulina;
  • Sono de qualidade, reduzindo a variabilidade glicêmica;
  • Controle do estresse, que influencia hormônios e glicemia;
  • Relações sociais saudáveis, importantes para o bem-estar;
  • Evitar substâncias nocivas, como cigarro e álcool em excesso.

Marina explica que pequenas estratégias fazem diferença no dia a dia. “Na alimentação, combinar carboidratos com fibras solúveis e proteínas ou consumir vegetais antes dos carboidratos ajuda a reduzir o impacto glicêmico.” Sobre exercício, afirma: “O exercício físico potencializa a captação de glicose pelo músculo”.

Sintomas e novos tratamentos

Os sintomas mais comuns do diabetes incluem sede excessiva, urinação frequente, fome constante e perda de peso sem explicação. No entanto, sinais mais sutis, como cansaço extremo, visão turva e manchas escurecidas na pele, também devem ser observados.

Mesmo diante do avanço da doença, especialistas ressaltam que os tratamentos evoluem rapidamente. “A tecnologia está avançando. Há novas opções de insulina com aplicação semanal, bombas de insulina mais modernas e medicamentos antiobesidade muito potentes, aliados no tratamento do diabetes e da obesidade”, afirma Marina. “O tratamento só tende a melhorar”.

A SBD reforça que segue em diálogo com o governo federal para ampliar o acesso a insulinas modernas e novas tecnologias via SUS. “Também é muito importante que o SUS passe a fornecer novas tecnologias às pessoas com diabetes”, destaca Ruy Lyra.

Nesta sexta-feira (14), data que marca o Dia Mundial do Diabetes, especialistas reforçam a mensagem central da campanha: diagnóstico precoce, prevenção contínua e acesso a tratamentos atualizados são fundamentais para frear o avanço da doença no país.

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