O “Sim” Corajoso de Maria
“Eis aqui a serva do Senhor; cumpra-se em mim segundo a tua palavra.” (Lc 1:38)
Minha gente querida
O ano de 2025 está encerrando e como em todos os anos, o ponto alto do fim de um ano é a comemoração do Natal. Todo o mês de dezembro gira em torno deste fascinante tema. Neste e nos próximos artigos, focaremos sobre a trajetória de fé de alguns personagens bíblicos. Começaremos pela principal personagem, excluído naturalmente, o próprio Cristo. Ou seja, a principal personagem depois de Jesus Cristo.
O Natal, em sua essência mais profunda, é a celebração da encarnação, o momento em que o divino se encontra com o humano. No entanto, antes que a manjedoura fosse posta e os anjos cantassem, houve um ato fundamental que selou este encontro: um ato de fé inabalável. A história do Natal, conforme narrada nos Evangelhos, não começa com o nascimento em Belém, mas sim com a resposta de uma jovem mulher em Nazaré. Este artigo se propõe a explorar a fé de Maria, a mãe de Jesus, como o pilar humano sobre o qual se ergue toda a narrativa natalina.
O Encontro que Redefiniu a História
A fé de Maria é revelada em sua plenitude no episódio da Anunciação, registrado no Evangelho de Lucas (Lucas 1:26-38). O anjo Gabriel a saúda com palavras que a perturbam: “Alegra-te, cheia de graça, o Senhor está contigo”. O texto diz que Maria se perturbou.
A perturbação de Maria não era de incredulidade, mas de profunda humildade e questionamento diante do extraordinário.
O anúncio de que ela conceberia o Filho do Altíssimo, sem ter tido relações íntimas com nenhum homem, era um desafio à lógica e à ordem natural das coisas. Sua pergunta, “Como se fará isso, visto que não conheço homem?” (Lucas 1:34), não é uma recusa, mas um pedido de esclarecimento sobre o modo da ação divina. É neste ponto que a fé de Maria se distingue: ela não duvida do poder de Deus, mas busca compreender a forma como esse poder se manifestaria em sua vida.
A resposta do anjo: “O Espírito Santo virá sobre ti, e o poder do Altíssimo te cobrirá com a sua sombra” é a chave para o mistério. E a resposta final de Maria é o ápice de sua fé e obediência:
“Eis aqui a serva do Senhor; cumpra-se em mim segundo a tua palavra.” (Lc 1:38)
Este “sim” é o ato de fé mais significativo na história do Natal. É uma entrega total e incondicional à vontade de Deus, que exigia coragem imensa. Maria, ao aceitar a missão, aceitava também o risco de ser incompreendida, julgada e até mesmo apedrejada pela lei de sua época. Sua fé não era cega, mas uma obediência corajosa que transcende o medo e a incerteza .
A Fé em Ação: Da Anunciação à Manjedoura
A fé de Maria não se limitou a um momento de êxtase espiritual; ela se manifestou em ações concretas que pavimentaram o caminho para o Natal.
1. A Visitação e o cântico Magnificat: Logo após a Anunciação, Maria parte apressadamente para a casa de sua prima Isabel. Ali, sua fé é confirmada e celebrada. Isabel a saúda: “Bem-aventurada aquela que acreditou, pois o que lhe foi dito da parte do Senhor será cumprido!” (Lucas 1:45). Em resposta, Maria profere o Magnificat (Lucas 1:46-55), um hino de louvor que revela sua profunda compreensão das Escrituras e sua fé na fidelidade de Deus para com Seu povo. Este cântico é a expressão de uma alma que confia plenamente na justiça e na misericórdia divinas.
2. A Jornada e o Nascimento: A fé de Maria foi testada pelas circunstâncias adversas. A viagem de Nazaré a Belém, imposta pelo censo de César Augusto, e a ausência de um lugar digno para o parto são provas de que a obediência a Deus nem sempre é um caminho fácil. O nascimento de Jesus em uma manjedoura, um lugar de extrema humildade, é o resultado direto de sua fé em ação, aceitando as condições impostas pela realidade.
3. A Meditação Silenciosa: O Evangelho de Lucas registra que Maria “guardava todas estas coisas, meditando-as em seu coração” (Lucas 2:19). Esta atitude de meditação silenciosa é a marca de uma fé madura. Ela não apenas aceitou os eventos, mas os processou e integrou em sua vida, compreendendo progressivamente o mistério que se desenrolava diante de seus olhos.
O Legado da Fé de Maria no Natal
A fé de Maria é, portanto, o elemento humano essencial na história do Natal. Ela não é apenas o primeiro berço do Messias, mas a primeira e mais perfeita discípula. Sua fé nos ensina que o Natal não é apenas um evento histórico a ser lembrado, mas um convite contínuo à entrega e à confiança.
Concluindo – Em suma, a fé de Maria transformou o anúncio divino em realidade humana. Sem o seu “sim” corajoso, a história do Natal, tal como a conhecemos, não teria se concretizado. Ela é o modelo de como a fé deve responder ao chamado de Deus: com humildade, questionamento sincero e, finalmente, com uma entrega total que acolhe o mistério e o transforma em vida. A celebração do Natal é, em grande parte, a celebração da fé desta mulher que, ao acreditar e se submeter à vontade de Deus, se tornou a mulher mais importante da história da humanidade, a mãe de Jesus Cristo, o Filho de Deus.













