O projeto Sala Lilás, criado pelo Governo de Mato Grosso do Sul em parceria com os municípios, já chegou a 48 cidades do estado. O espaço dentro das delegacias tem o objetivo de oferecer acolhimento humanizado a mulheres e crianças vítimas de violência, buscando romper o ciclo de agressões.
A delegada Christiane Grossi, responsável pelo projeto, destacou a importância da iniciativa. “Ela surgiu pela necessidade de ter um local de acolhimento a estas vítimas, que muitas vezes se sentiam constrangidas em procurar uma delegacia, muitas vezes machucadas e feridas, ficavam envergonhadas de ir até a delegacia fazer a denúncia”, afirmou.
O atendimento na Sala Lilás inclui a realização do boletim de ocorrência, requisição de exame de corpo de delito e pedido de medidas protetivas. Segundo Christiane, o objetivo é oferecer suporte completo. “Ela não fica na recepção (delegacia), vai para este lugar de acolhimento. Lá o delegado já aciona o profissional de assistência social, que vai ajudá-la para eventual abrigo, tratamento psicológico ou até reinserção no mercado de trabalho. Muitas vezes tem dependência financeira do agressor”, explicou.
O espaço conta com dois ambientes: um cartório para a formalização da denúncia e uma área com sofá, brinquedos e trocador, permitindo um acolhimento adequado para as vítimas que chegam acompanhadas de crianças. “A partir do momento que se fortalece esta vítima, ela percebe que ela não tem que voltar para próximo do agressor, pois foi acolhida e a partir daquele momento tem condições de sobreviver com seus filhos, pois não vai faltar ajuda, assistência, abrigo, até ela ser reinserida no dia a dia”, afirmou.
O projeto Sala Lilás foi criado em 2017 e já está em expansão. A 48ª unidade será inaugurada nesta semana em Itaquiraí, com a meta de alcançar 76 das 79 cidades do estado. O projeto já foi implantado em municípios como Dourados, Ponta Porã, Bonito, Naviraí e Nova Andradina. As cidades que já contam com a Casa da Mulher Brasileira não receberão a iniciativa.
A implantação do projeto conta com o apoio dos municípios. Segundo Christiane, o aumento no número de registros de violência doméstica nas cidades com Sala Lilás reflete a confiança das vítimas no acolhimento. “Não é porque aumentou os casos e sim porque aumentou a coragem destas mulheres em denunciar, porque sabem que vão encontrar um lugar seguro, de acolhimento”, disse.
Ela destacou ainda a importância da denúncia para evitar tragédias. “Tem vítimas de feminicídio que não registraram sequer uma ocorrência antes contra o agressor. No entanto, ao falar com os vizinhos, eles relatam brigas constantes, mas ninguém denunciou. Inclusive todos podem fazer a denúncia no disque 100 ou 190 nos casos de emergência.”
O delegado Iago Adonis Ismerim Soares dos Santos, responsável pela Sala Lilás de Bodoquena, ressaltou o impacto positivo do projeto. “Sempre destaco que a capacidade e qualidade do atendimento mudou muito com a Sala Lilás. A gente sempre solicita o atendimento dos assistentes sociais, nesta parceria com a prefeitura, assim como psicólogos e outros profissionais para atender as crianças e as mulheres, que precisam da devida orientação e ajuda.”
Ele enfatizou a necessidade de capacitação dos servidores. “Temos duas servidoras que realizam esse primeiro atendimento. Ainda temos essa proximidade com a prefeitura, dos órgãos de atendimento em geral. Isto contribui inclusive na qualidade da investigação e no atendimento às vítimas. Nosso objetivo é que elas não sejam mais impostas ao sofrimento que já passaram.”
Em Dourados, a delegada Gabriela Vanini destacou o acolhimento oferecido pela Sala Lilás, inaugurada em 2024. “Aqui temos um trabalho de excelência, que buscamos dar o maior apoio possível às vítimas, sobretudo neste atendimento humanizado, de acolhimento que é feito na Sala Lilás. Este espaço representa um grande avanço na questão dos direitos das mulheres, como das crianças.”
Gabriela, que já atuou na inauguração de Salas Lilás em outras cidades, reforçou a relevância do projeto. “Ela chega na delegacia e vai direto para sala com seu filho. Lá encontra um ambiente confortável, seguro, com muitos brinquedos para as crianças. Naquele espaço já faz a denúncia, tem a orientação que precisa e já entra com pedido de medida protetiva, enquanto o filho brinca e se distrai neste momento tão difícil.”
A delegada alertou que a denúncia imediata é essencial. “Infelizmente os casos de violência doméstica estão em todas as cidades do Brasil, mas aqui tem este apoio e olhar diferenciado. Em caso de violência é importante a vítima acionar a polícia ou guarda municipal na hora para efetuar a prisão em flagrante. Não sendo possível, pode procurar depois a delegacia para registrar a ocorrência. O combate à violência doméstica deve ser um compromisso de toda sociedade.”
Em situações de urgência e emergência, quando houver agressão ligue 190 e chame a Policia Militar ou acione o número 180 que atende com um serviço telefônico gratuito de orientação e encaminhamento de denúncias sobre violências contra as mulheres. Também é possível ser atendida pelo WhatsApp, basta enviar mensagem para o número (61) 9610-0180.
Com informações e imagem do Governo de Mato Grosso do Sul